quinta-feira, 17 de abril de 2008

"O reino de Sauron está terminado!"

- Parem, homens do oeste! Parem e esperem! Esta é a hora da condenação.
E, no momento em que falava, a terra tremeu sob seus pés. Então, subindo depressa, bem acima das Torres do Portão negro, muito mais alta que as montanhas, uma vasta escuridão irrompeu nos céus, coruscando fogo. E a terra gemeu e estremeceu. As Torres dos Dentes balançaram, cambalearam e caíram; a poderosa fortificação desmoronou, o Portão Negro se desfez em ruínas; e de longe, às vezes fraco, às vezes crescendo, outras ainda subindo até as nuvens, vinha um retumbar como o de tambores, um rugido, um ruído longo e turbulento de destruição.

- O reino de Sauron está terminado! - disse Gandalf - O Portador do Anel cumpriu sua Demanda. - E, quando os Capitães olharam para o sul na direção da Terra de Mordor, tiveram a impressão de que, negro contra a cortina de nuvens, erguia-se um enorme vulto de sombra, impenetrável, coroado de relâmpagos, enchendo todo o céu. Enorme, levantava-se sobre o mundo, e estendia na direção deles uma grande mão ameaçadora, terrível mas impotente: pois no momento em que se debruçava sobre eles um forte vento o arrebatou, e o vulto foi completamente varrido para longe, e passou; e então um silêncio caiu.

Os Capitães curvaram as cabeças; e, quando as ergueram de novo, eis que os inimigos estavam fugindo e o poder de Mordor se dispersava como poeira no vento...

Tolkien, J.R.R. O Senhor dos Anéis: terceira parte: O Retorno do Rei. 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p.226

Admito que a primeira vez que li essas frases me arrepiei completamente. A genialidade de Tolkien, sua maneira de descrever o que ninguém jamais havia visto de maneira tão real, ultrapassa os limites da literatura: ele é a própria fantasia.
Fica a homenagem ao grande mestre Tolkien, o Senhor da Literatura Fantástica.

6 comentários:

Francesco disse...

Muito legal Miojo... Espero um dia ter coragem de pegar essa trilogia pra ler! huuhahuauh

Abraço vei!

Anônimo disse...

Não custa nada. Depois que você passa da primeira parte da Sociedade do Anel, nada é capaz de te impedir de ir até o fim =)

Francesco disse...

nao to conseguindo ver a imagem do livro :~

Carolline disse...

Nossa...viajei legal!!! No bom sentido, é claro. Ou seja, naquele sentido em que a obra é bem gostosa de ser lida, e nos faz viajar. Hehe!

Vítor C. disse...

Eu não conheço muito de Tolkien, mas acho que seu talento narrativo e sua criatividade são inquestionáveis. Criou mundos com mitologias próprias, deuses, línguas, geografias e histórias...

Mas como eu não posso deixar de ser verme, queria perguntar uma coisa... Não fica, afinal, a impressão de que toda esse talento se dirige pura e simplesmente para histórias do bem contra o mal, para a defesa da liberdade e dos valores ocidentais? É sério... Sauron é o mal que precisa ser combatido, representante da tirania contra a liberdade... No fim das contas o resultado me parece banal demais.

Nesse sentido o conto de H.G.Wells, Em terra de cego, que põe em questão nossa maneira de ver - sem trocadilhos - o mundo, me parece bem mais interessante.

H. G. WELLS. Em terra de cego. In: CALVINO, Italo. (Org.). Contos fantásticos do séculos XIX. Cia das Letras.

Anônimo disse...

Olá Vitor.
O Senhor dos Anéis está longe de defender valores ocidentais.
É sim uma história do bem contra o mal, assim como muitas outras. O objetivo de Tolkien, ao escrever o livro era trazer para a Inglaterra sua própria mitologia, já que ela vive de mitologias impostas, como a nórdica e a latina.
Mas muito mais que uma história de bem contra o mal, O Senhor dos Anéis é uma história de amor. Não do Aragorn com a Arwen (porque esse só ganha destaque no filme), mas sim um amor que vai além disso tudo. O amor que une Frodo e Sam, que faz Gandalf chorar e temer pela vida dos simples hobbits, que faz Boromir morrer para defender Pippin e Merry e que faz Aragorn superar o medo e tudo o que há de ruim para entrentar, frente a frente, o Senhor do Escuro, em seu Escuro Trono: Sauron, O Lorde das Trevas.